CIPRIANO JUCÁ
CIPRIANO DA SILVA JUCÁ nasceu em Maceió (Alagoas, Brasil), a 27 de janeiro de 1886, filho de Romualdo da Silva Jucá e D. Maria Gabriela Jucá.
Formou-se em Farmácia pela Faculdade de Medicina da Bahia. Diretor do Departamento das Municipalidades, Prefeito da Capital, diretor da Saúde Pública e chefe da Seção da Recebedoria Central, em que se aposentou.
Foi um dos fundadores da Academia Alagoana de Letras. Transferiu-se, em 1954, para São Paulo. Participou da criação do Clube dos Estados. Escreveu, em colaboração com o poeta Menezes Júnior, o livro Oásis. Desencarnou na Capital paulista, a 17 de fevereiro de 1966. Bibliografia: “Oásis” (em colaboração com Menezes Júnior). “Os quarenta” (perfis, em versos, dos imortais da Academia Alagoana de Letras, onde ocupava a cadeira de Aristeu Andrade) “Asas de cera” (poemas), Imprensa Oficial, Maceió, AL, 1951. “Alma Lírica do Brasil” (versos). — (“Luz na Madrugada”, 1ª ed., IDE, pág. 44-45.)
Biografia: http://bibliadocaminho.com/
AVELAR, Romeu de. Coletânea de poetas alagoanos. Rio de Janeiro: Edições Minerva, 1959. 286 p. ilus. 15,5x23 cm. Exemplar encadernado. Bibl. Antonio Miranda
SANHUAÇU
Eu tinha, nesse tempo, meus deis anos
E era um menino bom para os meus pais;
Apenas traquinava junto aos manos,
Batendo em latas velhas nos quintais...
Quantas vezes livrei de seus tiranos
Os sanhaçus, canoros animais,
Que outros meninos maus e desumanos
Só faziam matar... e nada mais!
Eu não! Eu tinha, nessa idade, o senso
Do menino educado e já propenso
Ao que eleva nossa alma para o bem.
Fiquei homem assim... não sou culpado
De ser um sanhaçu abençoado
Que não teme os bodoques de ninguém!
A CARTEIRA VAZIA DE MEU PAI
Quando meu pai morreu, dias após,
Houve missa na Igreja dos Martírios.
E que saudade havia em todos nós,
Chorando em nossos olhos e nos círios!
Toda separação é sempre atroz:
Causa alucinações, prantos, delírios
—Deixar um pai na sepultura, a sós,
Mesmo entre goivos, enfeitado a lírios!
Dona Maroca — Minha mãe — chorava...
Para ela meu pai no céu estava
Porque, aos que são bons, o céu atrai.
E hoje recordo a cena comovente
Em que ela, a soluçar, me fez presente.
Da carteira vazia de meu pai!
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Página publicada em junho de 2021
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